segunda-feira, outubro 5

Contributo Científico VII – Discutir resultados, concluir. A magia da ciência

Recordo aqui a pergunta de base: “O que significa ter 96 amigos? Ou 104 antes de retirados os amigos de natureza “colectiva”?


In(conclusão)  nº 1 - Ter 96 amigos é estar um pouco abaixo da média, já que esta  - no meu universo de amigos, bem visto - é ter 109 amigos. Dado que o desvio padrão desta variável é 10,77, posso dizer que estou mais de um desvio padrão abaixo da média (109-10,77=98,23). Diz a estatística da normalidade que só sai das “normas” aquilo que está para além de um desvio padrão e meio da média. UF… ainda estou nessa fronteira, normalmente designada de limítrofe ou “borderline” o que me coloca fora da clara atipicidade, neste caso abaixo da média…


Duvido porém da qualidade destes dados. Apesar de fugir à média, tenho dúvidas que os meus 96 amigos sejam a uma amostra de qualidade inferior. Nesta minha pesquisa o que me deu mais prazer foi passar na página de cada um, e procurar a informação que queria ao mesmo tempo que ia “espiolhando” aquilo que escrevem e comentam, as fotos, as músicas de que gostam. Metodicamente, por ordem alfabética que 96 é muita gente.


In(conclusão nº 2) – pertenço ao grupo que tem entre 75 e 152 amigos. Ou seja ao grupo de terceiro quartil que não são aqueles com poucos amigos (o grupo 1) ou com alguns amigos (o 2), mas sim ao grupo com bastantes amigos (3). Parece-me bem. Curioso, porém, como um número, utilizado no seu valor absoluto pode significar coisas tão diferentes consoante o espaço em que se verifica. Na verdade, este número – 96 – no universo de alguns dos meus amigos ficaria num primeiro ou segundo quartil e aí representaria apenas o facto de ter poucos ou alguns amigos. Afinal 96 são bastantes ou poucos amigos? Cá por mim são mesmo 96. São 96 histórias nas minhas memórias, centenas de recordações, mil laços invisíveis que em jeito de teia criam espaços e redes de relação. São milhares de sorrisos arrancados no tempo, surpresas, (re)encontros. São 96, mas dias há em que parecem muitos mais, de tanta coisa que me deixam ficar no ecrã, de tanta vontade de lhes dizer olá, de tanta vida, ideias, noticias… São… foram 96 a quem se juntam, aos poucos, outros que espreitam, batem à porta ou que procuro no espaço virtual e como por magia surgem do passado e do presente e por aqui ficam na relação de “gosto disto”. São muitos daqueles com quem depois me cruzo, já na vida real, e com quem cruzo palavras sobre estas mesmas palavras… Se estão aqui todos? Não…


In(conclusão  nº 3) – De todas as variáveis independentes pesquisadas, nenhuma delas parece influenciar o “número de amigos”. Nem idade, sexo, estado civil ou profissão. Fico aqui a magicar o que na verdade já era de esperar. Os amigos vão entrando na nossa vida na medida da sua própria construção, na passagem pelos caminhos, nas experiências partilhadas. Posso, efectivamente aumentar o meu “número de amigos” aqui na vida virtual, sem os aumentar na vida real, mas não gostaria que assim fosse. Por cada um que aqui surge, uma história se acrescenta, uma memória se reaviva, um propósito de futuro existe. Acho que o meu “número de amigos” cresce na medida do desejo. Só não aprendi nunca na minha vida académica como se mede esta variável que se sente nas batidas do coração.


No fundo e pensando bem, acho que não queria saber o significado de ter 96 amigos, mas sim saber ao certo, se cada um deles gosta de mim… E isso não são os números que me vão dizer. Embora exija muita ciência! Por mais estudos que faça, por mais que esprema números, por mais que me inquiete, só o caminho de cada dia me dirá se ter estes 96 e outros mais é muito, pouco ou nada. Qual jogo de malmequer…


Gosto de ti: Muito, pouco, nada… muito, pouco, nada…

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