quarta-feira, dezembro 30

6 -Desejos para 2010

6 - RELAÇÃO

Sempre. Mil diferentes. Porque é na diferença que crescemos. Porque é na diferença que evoluímos. Das estáveis, balança-las. Das instáveis traze-las ao colo. Das certas, baralha-las. Das incertas, acerta-las.


5 - Desejos para 2010

5 - DESAFIOS

Sem saber se o mais certo é enfrenta-los, ultrapassa-los ou apenas vive-los.


4 - Desejos para 2010

4 - CAMINHAR

Por aí... nos trilhos e um pouco perdida também. Porque faz parte.



3 - Desejos para 2010

3 - DETALHES

Poder olhar e ver os detalhes do mundo em redor. Surpreender-me sempre com os detalhes da vida. Encher o dia de pequenos "tudo"




2 - Desejos para 2010

2 - ESPAÇO

Sentir que há sempre espaço. Sem atropelos. Que os espaços se encaixam. E que no espaço, há sempre espaço para mim.


terça-feira, dezembro 29

Desejos para 2010

1 - TEMPO

lembrei-me da história de MOMO e da sua batalha contra os Srs de Cinzento, ladrões do tempo dos Homens. Desejo que como ela saibamos ir ao lado das nossas tartarugas transformando a velocidade a cada momento da nossa vida.


quinta-feira, dezembro 24

Surpresa de Natal...

Meio milhar de visitantes.

Na véspera de Natal, qual presente antecipado.
A todos os que tiveram a paciência de ir engrossando o caminho do 0 ao 500, o meu obrigada. E que estes dias de Natal sejam vividos com carinho.

quarta-feira, dezembro 23

Um Feliz Natal para todos e cada um de vós...

Que seja um Natal sereno. Daqueles que apetece guardar...


sábado, dezembro 12

terça-feira, dezembro 8

Dos pais fortes e elásticos




Os pais devem ser fortes e elásticos…

Fortes, fortaleza, muro que protege,
Fortes, consistentes, maré com hora certa.
Fortes, carinhosos, fogueira acesa no Inverno
Fortes, segurança, amarras de barco na praia
Fortes, certos, luz de presença.

Elásticos, flexíveis, pasta moldável
Elásticos, versáteis, história refeita
Elásticos resistentes, camisola reversível
Elásticos, moldáveis, recuos na intensidade
Elásticos, dobráveis, origamis mágicos

Dos pais fortes e elásticos se faz a vida dos filhos fortes e elásticos, das famílias fortes e elásticas.

Piaget e a vida

Estou para aqui a pensar que realmente Jean Piaget tinha razão em muita coisa... mesmo se o lermos filosoficamente.
Tudo na vida se equilibra num qualquer momento. Andamos por vezes um pouco sem norte a tentar assimilar o que vem de fora. Desorientamo-nos, inquietamo-nos, confundimo-nos na tentativa de interiorizar o que a vida nos coloca no caminho.

A seu tempo e com tempo as vivências e os momentos vão-se incorporando, interiorizando em sentimentos pensamentos e emoções. De toda essa assimilação ficamos acomodados, não no sentido literal da palavra mas no sentido do conforto, da serenidade e do sentido de futuro. No sentido de novas assimilações, novas procuras e inquietações. Entre assimilar e acomodar surge o equilíbrio. Aquele momento em que somos nós mesmos e a paz de estar connosco se revela. Momento fugaz, porém, pois é natureza do ser humano não ficar parado.
Mas a vida é isso mesmo. Feita de desequilíbrios de assimilação e desequilíbrios de acomodação, na procura da equilibração. 
O homem era um génio...

domingo, dezembro 6

Palavras

Ausência


O que só não está lá para ser visto, tocado e sentido. 
Mas e porque existe, doí.





sexta-feira, dezembro 4

E sim... o tempo passa


bola de sabão




bola de sabão
desejo antigo
crescer suave
na medida do sopro do afecto
ao ritmo do coração
e solta-se
e voa
e vai
e brilha ténue na luz de Outono
e reflecte o teu olhar
a tua mão
que baixou e deixou ir a bola de sabão.




Foto (Catarina Melo, 16 anos)




domingo, novembro 29

Pairar sobre Lisboa

Ontem de manhã cedo acordei com o apito de um navio.

Lá em baixo, no Tejo, imaginei um enorme barco a passar por baixo da ponte e a tentar encontrar o caminho. Mesmo antes de abrir os olhos, já sabia que o dia amanhecera envolto na névoa densa. É sempre assim em dia de neoveiro. E eu adoro esses dias. É um acordar mágico, tal como é acordar com o sino da igreja. Dá-nos aquela sensação de viver num filme...

Tinha de me levantar e ir para Almada onde deveria estar por volta das nove num Congresso Internacional de Educação Especial.

Confirmei, de facto, o nevoeiro denso e mágico que nos deixa sós no mundo e nos permite um maravilhoso silêncio. Como se o mundo precisasse de ficar calado para se orientar no espaço. Há sempre uma qualquer magia no nevoeiro. Ficamos ali a olhar o espaço que não existe, o caminho que se adivinha à medida que vamos avançado e parece que a qualquer momento poderão surgir do nada, finalmente, fadas, duendes, gnomos...e que podemos, finalmente, perdermo-nos nesse mundo que nos acompanha desde a infância.

Depois, já no carro, a magia revelou-se ainda mais quando,ao atravessar a ponte sobre o Tejo, achei que estava a pairar sobre Lisboa... nada se vislumbrava em volta ou em baixo. Era como estar a guiar o carro suspenso no nada e olhando apenas umas luzes à frente.

Lisboa estava literalmente desaparecida por baixo de mim. E assim fui imaginando que pairava suavemente sobre a nossa cidade que envolta na névoa dormia ainda...

sexta-feira, novembro 27

Dia de alma azul...

Azul

É azul o meu sonho
Azul de mar que embala
Azul de céu sem limite


É sonho acordado
pensar que vagueia
gota de água que desliza


É azul o meu sentir
vasto e incerto 
pincelado da tua mão


Lona azul que esvoaça
Azul de rede ao sabor do vento
Azul de olhar perdido


Azul de melodia 
marca que me dirige
Azul de mim.

quinta-feira, novembro 19

Lugares


Há lugares que não têm espaço físico.  
Sem mapa, sem indicações, acarinham sonhos e memórias.  
São lugares do nosso olhar, instantes guardados nos bolsos. 
São momentos e histórias. 
São apenas registos de nós mesmos.

Partilha

Partilha de olhares, é partilha de sentimentos.
Partilha de instantes, é partilha de momentos.
Partilha de imagens é partilha de pensamentos.

Assim partilho o que vou sentindo, vivendo e pensando.
Assim me partilho...

sábado, novembro 14

...

Silêncio é fazer de nós uma reserva

quarta-feira, novembro 11

Instantes

Sinto:

Que ainda há uns dias me tentava despedir do Verão.
Que o calor tardava em ir deixando por aí o sentimento paradoxal de estranheza e agrado.
Que me custava ganhar velocidade e dizer "até depois" ao morno dos dias.

Sinto que:

Num ápice, a manhã fria gera bafo no ar,
há folhas revoltas no vento e no chão,
a cidade ilumina-se mais cedo,
o regresso a casa é quase escuro.

Hoje dei conta que é S. Martinho e Novembro corre.
Num repente... descobri que há castanhas, aromas de Outono e ritos de vida imutáveis.

E fiquei assim... percebendo que ainda nem dei conta das romãs, dos dióspiros, das tangerinas,
do chá e dos scones,
das mantas e cachecóis,

A sentir que este regresso me faz sentir como que na ponta de um elástico
que ora puxa, ora larga disparando-me.

E que, acima de tudo, não há tempo para ter um pouco de Outono!

domingo, novembro 8

Sons de Novembro

Som da água que cai do céu e se espraia no quintal. 
Som da água que, no seu caminho descendente, tropeça nos degraus da casa, no varão da varanda, nas folhas do limoeiro. 
Som do vento que embala a água no chão, a empurra para a rua e a faz rodopiar com as folhas caídas e adormecidas na calçada. 
Som do espanta-espíritos. Intermitente em função do vento e das gotas que com ele dançam. 
Sons de Novembro que deixou Outubro lá atrás. 

Luz de Novembro no Sotão (1)


Sons de Novembro no sotão (2)


Sons de Novembro no Sotão


(Re)encontro V – Sabor a presente



E tem destas coisas a vida.
Do tempo que se encurta, unindo passado e presente, nasce um espaço novo de partilha. Do tempo que, num ápice informático, reúne corpos, recordações e histórias, nasce um caminho feito de presentes. Aos poucos as sombras da infância esfumam-se moldando os traços dos rostos, os movimentos mais maduros dos corpos, o olhar mais baço cheio de vida. E surgem almas crescidas, vividas. E surgem perguntas sobre o amanhã em cima das histórias de ontem. E os fios, tecidos entre a infância e o dia presente, entrelaçam-se, fazem nós, viram caminhos e mudam de direcção.
Com eles vou indo, no embalar de relações (re)feitas, da curiosidade da descoberta, da vontade de partilhar esses fios da teia que foram a minha vida e são agora também a vossa.
No presente, vindo do passado e para o futuro. 
Fios de teia, laços de orvalho. 
Redes da vida.


terça-feira, novembro 3

Fio invisível



Queria ter um fio invisível ao qual a vida tivesse atribuído o encantamento de poder puxar para o pé de mim aqueles de quem gosto e estão longe. Assim, guardado na minha mão ou no bolso, enrolado e secreto, serviria para, nos dias como o de hoje, ser lançado no espaço e na volta trazer-te a ti, ou a ti, ou a ti. 

quinta-feira, outubro 29

Outubro em Lisboa


Na Faculdade de Psicologia - 29 de Outubro 

terça-feira, outubro 27

Pedaços de Outono

Pedaços de Outono 
por aí andam, à espreita. 
Devagar se insinuam 
como se da época não fossem.


Tímidos e serenos surgem em cada dia em que o Verão, 
esse eterno amante ardente, não vai, não se despede da terra. 
Inquieto este balanço entre a despedida e a vinda,
 instável esta passagem entre ardor e serenidade 


E o Outono, a romper, a tentar,
deixando pedaços de si para quem olha 


E o Verão que tarda na despedida 
a soltar aroma a desejo, 
a envolver o espaço em pó de calor
em nuvens de sonho. 


E eu, um pouco perdida 
no equilíbrio de aceitar 
a ida de um 
e a tímida chegada do outro!...







Pedaços de Outono - Carcavelos, 2008 (2)


Pedaços de Outono - Carcavelos, 2008


Pedaços de Outono - Minho, 2009


Pedaços de Outono, Rio Douro 2007


Palavras & Imagens IV

Poema


São palavras com música.

domingo, outubro 25

Coisas de ser criança (1) - Pensamentos na minha cabeça (a propósito das dificuldade em dar atenção).



Todos os dias me acontece: A mãe chama:


- “Lourenço, vem tomar o pequeno almoço”. Lá ao longe eu ouço a voz dela. Sei que devo ir e encaminho-me corredor fora para a cozinha. O corredor é grande. A direito segue o caminho. Quantos passos acham que dou para lá chegar? Vou tentar adivinhar… ora, o corredor tem cerca de (acho eu que só tenho 7 anos e ainda não sei medir) 3 metros. Se cada um dos meus passos medir cerca de 20 centímetros (ouvi esta dos centímetros no outro dia ao senhor Manuel, quando veio cá a casa colocar o rodapé no corredor… deve ser isso mais ou menos o que mede um pé que calça o 25), então… deixa ver… bolas, acho que não consigo descobrir isto.
-  “Mãe… quantos centímetros tem um metro?”
- “Lourenço, por favor, já te disse, vem tomar o pequeno almoço”.
- “Sim, mãe, mas quantos centímetros tem um metro”.
- “Por favor, Lourenço, porque é que isso é agora importante?. Está bem, tem 100. Agora despacha-te”.
“Boa, se tem 100 e o meu pé 20, então …. Já sei chego lá em 15 passos.”.
Outras vezes é assim:
- “Lourenço, tens 7 anos e és sempre o último dos teus irmãos a vestir a roupa para ir para a escola. Como é possível que uma criança de 5 e outra de 2 sejam mais despachados do que tu”?
- Desculpa, pai. Estava aqui a  pensar que …
- Vá lá, Lourenço, veste-te. Senão vamos atrasar-nos…”
- Sim, pai.
O que me acontece, eu não percebo. Os meus pensamentos são muito fortes. Misturam-se cá dentro a fazer contas, a imaginar viagens e a calcular como é que as coisas acontecem na vida real. Por mais que me esforce, os pensamentos não vão embora. Vivem no meu cérebro e fazem imenso barulho quando tento não lhes dar atenção para ouvir o que o pai ou a mãe me pedem. Na verdade, sempre que me pedem alguma coisa, estes meus pensamentos ficam a ouvir o que eles dizem e logo têm ideias que me obrigam a ficar a pensar nelas e a esquecer-me de fazer o que me pedem.
Gosto de pensar. O mundo á minha volta está sempre a enviar-me mensagens. Ora são os carros que passam e me ponho a fazer contas de quantos são os azuis, ora são as escovas de dentes que se alinham com os copos e as pastas e me pedem para ver o que resulta se multiplicar uns pelos outros, ora são as lâmpadas do corredor que gosto de dividir em grupos iguais. Muitas das coisas que vejo me fazem pensar que posso fazer contas com elas: somar, multiplicar, dividir… E eu gosto de fazer contas. Gosto de ver que o mesmo resultado pode ser atingido de diferentes formas e imaginar quantas mais maneiras há de ir ao mesmo resultado. E quando fico a pensar nisso esqueço-me do que me acabaram de pedir.
O meu mundo está cheio de números. As coisas transformam-se sempre em números, mesmo que eu não queira. Tudo se pode somar, ou subtrair. Tudo se pode multiplicar e transformar num outro número. Basta apenas pensar um pouco sobre isso. Gosto mesmo porque sei que os números se podem transformar naquilo que queremos e podemos fazer imensas histórias com eles. Os números são como as minhas peças de LEGO. Alinham-se, encaixam-se, transformam-se. E há sempre um qualquer resultado. Depois, os números são previsíveis. Ainda que possa brincar com eles, sei sempre no que vai dar. E pensar sobre isso é muito giro.
Sei que por vezes pareço estar distraído. Que não faço o que me pediram. Que me atraso. Que me esqueço de vestir as camisolas e as calças. Que sou sempre o último lá em casa. Que o pai e a mãe ficam  tristes, com aquele ar surpreso a olhar para mim como quem pergunta onde estou. Sei tudo isso.
Mas gosto muito deles. Do pai, da mãe e dos meus manos. São 4 e comigo 5, lá em casa. Tão simples: 4+1=5. E este 5 é a minha família. Pois, a vida são números, a minha cabeça são números a ferver e quando fervem tenho de fazer alguma coisa com eles.
Pai, 1 abraço para ti; Mãe, dois longos beijos com muito amor; Mano, 3 chupas que és guloso; Mano Pequeno, 4 chuchas para não chorares. Ao todo 10 coisas boas para a minha família…


Lourenço


Escrito em 16 de Outubro de 2009

quarta-feira, outubro 21

Palavras & Imagens III


Futuro
É o tempo que fica para além do ponteiro dos segundos



Palavras & Imagens II

Segredo
É o bocadinho de papel que me enviaste durante a aula, guardado no bolso dos calções. 





terça-feira, outubro 20

Palavras & Imagens

Alma
É a sombra que aparece no chão, quando o sol está por trás de nós. 






segunda-feira, outubro 19

Outono, hoje.

Não sei se foi definitivamente mas parece mesmo que o Outono chegou. Se há alguém que sonhou que isso pudesse não acontecer, por um qualquer passe mágico do mundo e da natureza, fui eu. Adoradora do Verão, tento sempre esticar o tempo e viver os restinhos dessa estação até ao fim. Mas confesso que fiquei, senão feliz, pelo menos serena com a frescura, a luz mais ténue, o vento suave. Há momentos em que é mesmo preciso que a natureza nos indique o caminho e em que temos de nos deixar ir nos sinais que ela nos dá. 


Hoje foi um dia assim. 

domingo, outubro 18

Do dicionários dos sentimentos (10)

Desconfiança
É quando o nevoeiro caí de repente e nos faz andar muito devagar


Medo
É uma corda que nos ata as mãos, uma mão que nos aperta o coração

Onde se guardam os sentimentos

Costumo pensar que tenho um lugar para os meus sentimentos e para as pessoas que a eles associo. No coração, que invariavelmente se divide, tenho o cantinho das minhas filhas. Ali, logo, naquele pedaço tão acessível e terno que todos os dias se remexe ao ve-las mudar, crescer e voar. Nele tenho também o canto do Raul. Um canto enorme, mutavel e imutavel em tão diferentes coisas. Mil cantos tem o meu coração. Misturam-se, sem dúvida, em vez de se compartimentarem e alojam rostos queridos. Sei bem onde visitar cada um e conheço o odor que até lá me leva. Nos olhos, a tristeza. A que se espelha de dentro para fora e a que me invade de fora para dentro. Neles se aloja, se lava e se renova na esperança que lhes devolve o brilho. Nas mãos a vontade. O desejo forte de construir. Nelas deposito os meus pedaços de querer em cada dia e delas deixo cair grãos de cimento e areia que se moldam e encaixam deixando abertos caminhos. No estômago, aqui bem no centro de mim, o medo, a insegurança, a incerteza. Quantas lutas de apertos tem este centro com as minhas mãos que teimam ignora-las e fingir que sabem bem quais os grãos de areia que devem, em cada momento, ser deixados no caminho. Nos ombros, as palavras sábias dos meus pais. Aquelas que hoje se confundem com a responsabilidade de ter criado vida, de ter criado uma vida em torno de mim e de ser por ela responsável. Quantas vezes não consigo mante-los erguidos... Na boca a minha defesa. Porque dela me saem os pensamentos, se estrutura o meu racciocinio e se reproduz tudo o que dentro sinto. Organizado, coeso, com sentido. Mesmo quando dentro o tal aperto no centro do corpo doí e queima. No colo, bem aninhadas, as memórias. Outras, nos braços, que com o colo se juntam e protegem o que passou, deixando aquele sabor e cheiro a recordação feliz. Só há um sentimento que não consigo alocar. A desilusão. Não é tristeza e nos olhos não fica. Não é medo e não se espeta no centro de mim. Tão certeiro é e tão fulminante que não lhe encontro espaço para poder geri-lo. Acho que me fica, algures, na garganta, até ser capaz de lhe dar um sentido e depois... depois transforma-lo em qualquer outro sentimento com lugar e sitio próprio.


Texto escrito em Agosto de 2009

Do dicionários dos sentimentos (9)

Tristeza
É chuva a cair dos olhos sem conseguirmos que páre


Felicidade
É um salto bem alto, um balão cheio de ar na nossa barriga e a certeza de que somos capazes de voar

Do dicionários dos sentimentos (8)

Raiva
É um estrondo grande nos ouvidos, um grito muito alto e um murro no ar

sábado, outubro 17

Do dicionários dos sentimentos (7)

Ansiedade
São os minutos que não passam e o tempo que não anda quando temos alguém ou alguma coisa á nossa espera

Do dicionários dos sentimentos (6)

Intuição
Somos nós, a ir em frente sem saber muito bem porquê
Pressentimento (bom)
É uma ideia que vem sem sabermos de onde e que temos muita vontade de seguir

Do dicionários dos sentimentos (5)

Preocupação
É um pensamento que faz barulho e não sai do sítio

LIBERDADE


Do dicionários dos sentimentos (4)

Razão 
São palavras na nossa boca que saem tão alinhadas que toda a gente nos percebe  


Racionalidade 
São os nossos pensamentos a fazer contas de somar, a dar sempre certo, mas sem cheiro, sem cor, nem calor

sexta-feira, outubro 16

Do dicionários dos sentimentos (3)

Indecisão
É um jogo de balançar que nos pendura entre duas coisas que gostamos muito

quinta-feira, outubro 15

Do dicionários dos sentimentos (2)

Dúvida

É a parte escura daquilo que sabemos

quarta-feira, outubro 14

Do dicionários dos sentimentos

Saudade

É o branco na nossa mente, quando antes estava lá uma imagem muito querida. É um remoinho que se instala no nosso coração.

terça-feira, outubro 13

A propósito de um dia de Verão no Outono

Sempre achei que o Verão nos desarruma os sentimentos e que o Outono os arruma de novo, dando espaço aos pensamentos. O que fazer quando o Verão vem no Outono?

segunda-feira, outubro 12

Série - Coisas de Mim - (Re)encontro com a Amizade a propósito de outro lanche de amigas

Há momentos em que o universo se une para nos dar a certeza de que a vida é uma linha que não se quebra e que, mesmo invisível, nos suporta e nos guia na direcção certa. Assim me senti, ontem, perante uma imensidão de rostos que, num ápice de mágica estão hoje, ora pintados, ora adornados, ora marcados pelos percursos que não partilhei. Num fugaz momento a vida encolheu e em vez do elástico, do jogo do mata, da apanhada ou da “linda-falua”, a conversa era intensa, os olhares surpresos na procura do rosto de outrora, os movimentos sedentos de que a memória não nos atraiçoasse na descrição dos momentos partilhados. Intenso fim de tarde, preenchido de risos, fotografias a preto e branco, memórias, momentos. Intenso fim de tarde, (re)preenchido de novas vidas, percursos feitos, novas promessas de ser e estar. Intenso fim de tarde, vivido na expectativa de que não me tivessem esquecido, de que o abraço fosse mesmo forte e doce, de que a proximidade não nos incomodasse. Incrível mesmo como o universo conspira para que vida tenha um sentido coerente e para que cada coisa vivida, faça eternamente sentido sem que seja para isso preciso repeti-la. Incrível este sentimento de pertença, este sentir certo de que existem no mundo pessoas a quem podemos chamar amigas, mesmo quando se abriu na vida quotidiana um abismo de anos sem partilha. Incrível sentir que o que foi ainda é. E que tranquilidade me traz. 

Série - Coisas de Mim - (Re)encontro com a Infância a propósito de um lanche de amigas

A tarde de ontem foi mágica. Ainda que planeada e combinada a magia só surgiu no reencontro físico. Rostos tão conhecidos e naquele momento relembrados. Gestos únicos em corpos mais pequenos e franzinos. Movimentos familiares em espaços que já não partilhamos. Histórias que foram nossas sim, mas de um outro "nós", guardado algures na alma e que, num repente, nos salta para o colo, tão vivo que até assusta. A Magia fez-se de recordações. De caminhos divergentes. De vidas separadas há muito. A Magia fez-se da união e dos laços que só a infância permite, dos momentos especiais que só a amizade oferece. A magia fez-se do verdadeiro viver da palavra AMIZADE. Aquela que, passados quase mil anos e uma vida inteira, nos permite rir, estar solto, trazer de novo à vida, recolher e partilhar, como se o dia antes de ontem fosse dia de jogar aos "polícias e ladrões", ao "mata", ao "futebol humano". A tarde de ontem foi mágica. Na magia de puxar a vida, através do tempo, e te-la, ali nas mãos, nos olhos, nas palavras, nas promessas de mais tardes mágicas. Obrigada Rita, Mabi, Inês e Sofia pela magia viva que me deram ontem.


Escrito em 14 de setembro de 2009

Série - Coisas de Mim - (Re)encontro Comigo a porpósito da leitura do meu diário

Reler um diário com 27 anos, escrito por nós mesmos é uma experiência única. Nas palavras escritas reencontramo-nos como nunca nos vimos ou ouvimos. Nas frases reconhecemos alguém que fomos e que está lá, em tudo o que somos. Nos momentos revivemos vidas arrumadas nos cantos das nossas emoções e descobrimos pessoas que no presente nunca existiram. Não é só recordar. É reencontrar. Reencontramos pessoas do coração e revivemos a nossa própria vida, pairando qual anjo da guarda, reconfortando as tristezas e saudando as alegrias em palavras depositadas. Tempo único, este dedicado a lermo-nos. Tempo que nos baralha a vida, que nos transporta e (re)transporta, espaço de intensa união connosco. Tão assustador, quanto reconfortante pela ida e vinda no tempo, a leitura de um diário de uma menina de 15 anos – que sou eu mesma – permitiu certezas, fundações revistas e cuidadas  - antes que se desfaçam nas labirínticas armadilhas da memória -  desejos e apaziguamentos. A todos (talvez mais todas, que isto de diário é coisa de menina…) aconselho. Curioso é que já tinha tentado faze-lo antes, sem sucesso ou interesse. Na verdade, os momentos acontecem quando têm de acontecer. Não são coincidências. São sincronicidades que nos transformam a vida a cada dia que passa. 


Escrito em Agosto de 2009

sábado, outubro 10

Série - Coisas de Mim (I)


O universo conspira sempre para nos proteger.



Há momentos em que sinto que a minha vida é como um caminho invisível onde passeiam todas as pessoas que fizeram a minha história. Como se caminhássemos num denso nevoeiro, distraídos com o medo de nos perdermos. E – por vezes tão repentinamente que acreditamos ter mesmo um anjo da guarda, que nos lê a mente e o coração – o nevoeiro dispersa, rarefaz-se e a vida transforma-se. Nesses momentos, pressinto e posso ver que nunca ninguém se foi verdadeiramente embora. Percebo que há efectivamente um fio – também ele muito ténue – que se pode puxar e receber perto de nós aqueles que pensámos estar definitivamente longe. São momentos muito intensos em que revivemos relações e espaços de partilha que deixaram de ser comuns. Mas são os mais especiais momentos da vida, pois permitem-nos (re)descobrir quem somos, (re)fazer relações, (re)construir esse mesmo caminho. Há que estar atento, porém. Há que desejar que isso aconteça. Há que viver a surpresa de tal dádiva da vida e serenamente puxar o fio que liga o passado ao futuro, para fazer o melhor presente que se pode ter.

Série - Coisas de Mãe (IV)

Conversas à mesa - em Agosto de 2009


À volta da mesa, depois do almoço. Somos muitos: grandes (uns adultos e outros a caminho disso), médios, pequenos e bebés (sim, também conversam…). Fala-se do futuro. Futuro imaginado, desejado para cada um deles. Desejado por nós, os grandes já adultos, que os olhamos daqui do futuro que é o deles. Eles (todos), entrando na conversa. Animados com a ideia de ter um futuro desejado por alguém. E como é importante ter quem deseje um futuro para nós e nos projecte, qual foguetão, numa ida e vinda rápida ao mesmo. Os futuros estão ali, em volta da mesa, nos risos trocistas e nos olhos brilhantes que dizem: “E se pudesse ser verdade?”. Mil futuros que se coordenam, se encontram lá para a frente no tempo e se transformam em histórias de poder continuar juntos. E assim se tecem desejos.
O futebolista, imaginado a partir dos fabulosos pontapés que dá numa bola minúscula, com o seu pé pequeno e gorducho de bebé de ano e meio; o alpinista, assim imaginado porque se passam tardes inteiras a apanhá-lo suspenso no ar ao subir (ou melhor, descer) as rochas da praia; o médico, profissão que saltou uma geração, e se deposita naquele que achamos tender para as notas brilhantes; o surfista profissional, apresentador de um programa desportivo e secundado pela artística fotografia da prima mais velha; o político, para aquele que ainda não se revelou bem para além de ser um exímio falador aos dois anos; o gestor para o jogador ímpar de entre todos; um lugar, algures na comissão europeia, para a catraia que gosta de mandar; o advogado, porque toda a família precisa de um e tem de ser um que siga as pisadas dos pais; a pintora, agora a mais sensível e futura criadora de ilusões em tinta; o cantor, não porque cante no presente, mas porque nos enche a alma (e o cérebro) a chamar pelo pai; o “chef de cuisine” para o menino sonhador cuja sensibilidade nos encherá a vida de aromas e sabores e finalmente, mas não por fim, a escritora, que tanto brinca com as palavras, a atribuição da responsabilidade de as escolher, certas e certeiras e por no papel histórias de cada um e todos nós.
Conversas. Felizes. Daquelas que se têm com quem gosta de conversar. E como são importantes os sonhos partilhados. E como é importante ter quem sonhe para nós e ter com quem sonhar o futuro.
Obrigada: Catarina (fotografa), Henrique (surfista), Gonçalo (médico), Maria (escritora), Mateus (gestor), Afonso (advogado), Mariana (pintora), Rita (comissão europeia), Vasco (”chef- de-cuisine”), Francisco (cantor), Duarte (político), Miguel (alpinista) e João Miguel (futebolista) por existirem na minha vida.

Série - Coisas de Mãe (III)

A Adolescência e o furacão - em 28 de Julho de 2009


A adolescência é como um furacão.
Há avisos, é verdade, mas só nos assusta quando chega.
Pode prever-se, mas na verdade quando ali está pouco nos protege de a/o viver.
É inevitável (a adolescência), não vale a pena esperar que passe ao largo (o furacão).
Podemos planear formas de minimizar as suas consequências (no furacão), mas muita coisa vai voar (na adolescência...).
A adolescência é como um furacão que cresce dentro e se vê cá fora;
voz alta, voz crescente, zangas, fúrias com tudo e todos, ímpetos, palavras soltas e perdidas, caos, choro, tristeza, sensibilidade, silêncio...colo de mãe...
Como se enfrentam (os adolescentes e os seus furacões)?
Não se enfrentam... vivem-se, acolhem-se e espera-se que os furacões da adolescência vão passando e em cada um deles algo se aprenda de novo

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