Face com face. 
Mão na mão. 
- “Boa noite, princesa”.
- “Mãe, canta para mim”. 
Espanto-me. Dos seus onze anos e das mil conversas recheadas de risotas e rapazes, ainda quer que cante para dormir?
Olho-a. Aperta-me a mão, como que a reforçar o pedido. E tem razão. A noite faz-se dos medos das coisas que o dia não deixou claras. E o dia de hoje deixou razões para voltar a ter medo. 
Então, aninho-me ao seu lado, porque o dia não deixou só medo na alma dela. E escolho, lá no fundo das memórias uma canção. 
E canto. 
- “Boa noite princesa”
Já não responde.
 
 
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