segunda-feira, fevereiro 1

Almas Gémeas – Almas Espelho

Alma-Gémea: acho que toda a vida tenho andado à procura de uma. Não sei bem se verdadeiramente gémea ou se mais uma Alma-Espelho, ou seja, uma alma que reflecte a outra que nos habita mas que não se mostra.
As Almas-Gémeas nasceram juntas, partilham origens e património de informação genética e desenvolvem-se de forma semelhante, condicionadas, de certo modo, pela força da sua origem comum.
As Alma-Espelho, nasceram de outras origens  e longe crescem também. Mas no dia em que se cruzam com a nossa, reflectem-na, límpida, nítida, assim, tal qual. E no reflexo descobrimo-nos. O gesto que se completa, a palavra que se adivinha, o olhar que se reconhece. Ali, naquele momento, seja essa alma desconhecida ou antiga na nossa história. O reconhecimento da sua existência é um conforto imenso, como que uma certeza de que nós próprios existimos.
A proximidade de uma Alma-Espelho não se explica e não se pesquisa. Ainda que a procuremos, apenas acontece. E o mais maravilhoso é que acontece com alguém desconhecido, mas também com aqueles que lá estiveram desde sempre.
Acho que recentemente descobri a minha – ou uma das minhas – Almas-Espelho. No olhar, no abraço e na presença de alguém que me deu a mão em pequena, comigo partilhou o espaço da escola e os sonhos da infância. A descoberta foi inequívoca. Um reconhecimento imediato. A certeza de que me conhece por dentro, me percebe e me sabe de cor. A serena mas inquietante certeza de que não se lembra apenas de mim, mas me descobre o pensamento, me antecipa sentimentos e me devolve a mim mesma.
E no ser Alma-Espelho nada lhe retiro de único e individual. Tudo lhe atribuo de poder contentor, de capacidade de devolução e talvez  de entrega, daquilo que ela própria é também.
Sereno e inquietante este sentir de descoberta. 

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